Todos os anos como é de “práxis”, sempre faço minhas reflexões de fim de ano. Já falei sobre o Natal, sobre como queria aprender com as pessoas, etc. Este ano foi um pouco difícil refletir sobre o ano que se finda. Foram muitas coisas que aconteceram, 2009 realmente entrou para a minha história como: o ano das mudanças. Começou com meu casamento, que a cada dia que se passa, é confirmado o desejo de viver meu futuro com a mulher que Deus me presenteou; depois minha vida profissional, que tanto sonhara veio a se desdobrar; após dez anos na mesma comunidade, mudei para outra, não tanto complicada, mas ao mesmo tempo bem desafiadora; há também o fato de ter passado no vestibular da UECE, algo que sempre pensei que nunca iria conseguir, afinal os anos de “capitão 2” sempre me perseguiram (só os mais próximos saberão o que isso significa); sem esquecer, que após longos anos, posso contar com a presença do meu irmão. Enfim, foram acontecimentos realmente significativos para um jovem que para alguns é um louco (e isso pouco me importa, pois loucos são os que me alcunham de louco), para outros um idealizador (sorte a minha que não estou só nesta caminhada) e para outros sou alguém que não sabe muito como conceituar (por estes eu sinto pena).
Bem, depois de tantas mudanças uma ideia[1] ficou clara em minha mente: Nós nunca sabemos de tudo e/ou nem estamos preparados para aquilo que pensamos que estamos preparados. Vivemos em uma sociedade que nos torna prepotentes e arrogantes, achando que sabemos tudo e que temos a solução para todos os problemas. E como falhamos neste pensar, afinal, o mundo real é bem mais complicado do que o mundo das ideias. Tratar com gente, solucionar problemas, amenizar situações, evitar preconceitos, ignorar críticas, aceitar sugestões, rever conceitos e valores, não são ensinados em nenhuma instituição, seja ela educacional, seja ela religiosa. É aí que percebemos o quanto nós não estamos dentro de uma redoma, que nos protege de todo mal. Estamos caminhando com nossas próprias pernas, e vivendo nossas vidas. E por mais louco que isso possa vir parecer, é isto que dá o dinamismo da vida: Você não sabe o que vai acontecer, pois você terá que aprender a viver. Lembro daquela música do Roberto Carlos: “Quem espera que a vida, seja feita de ilusão, pode até ficar maluco, ou morrer na solidão. É preciso ter cuidado, pra mais tarde não sofrer! É preciso saber viver!”. Então surge uma pergunta: Como saber viver?
Certamente não tenho a resposta desta pergunta, mas tenho uma dica que quero compartilhar com vocês. Só posso saber viver enquanto eu quiser aprender. E nesta ciranda da vida, quem acha que sabe de tudo (em qualquer área), seguramente não sabe viver, se reduz a um animal irracional e que por instinto, vai sobrevivendo. Logo, detesto frases do tipo: “Eu nasci assim, eu cresci assim, vou morrer assim...”; ou então: “Mudar para quê, não está dando certo?”. Temos que entender que o tempo não para, e por não parar, nada fica no conceito de imutável, tudo muda, e aqui incluo até as divindades em que você acredita. É nesta mutabilidade que devemos entender as indagações da nossa época, não divagando sobre o passado e nem levantando hipóteses para o futuro. E o viver agora implica claramente em: Aprender.
Aprender a dizer todas as manhãs: eu te amo, para as pessoas que nos cercam. Aprender a dar bom dia, sem esperar nada em troca. Aprender a escutar o pequeno, e perceber um pedido de ajuda. Aprender a conversar sem querer impor seu modo de pensar. Aprender a sorrir para pessoas que causam certo desconforto. Aprender a ouvir criticas e sugestões sobre o seu trabalho. Aprender a viver a vida com intensidade, sem se preocupar com o dia de amanhã, afinal como diz uma máxima bíblica: “Cada dia já tem o seu mal.” Aprender a ser feliz, fazer os outros felizes e tornar a vida feliz. Aprender a ver o próximo como alguém que merece atenção e cuidado. Aprender a admirar as coisas boas da vida, como um bom vinho; uma conversa a base de cochichos na cama após um dia de trabalho; o sorriso de uma criança; uma brincadeira infantil; o pôr do sol ou seu nascer, se preferir. Enfim, aprender a ser gente e viver como gente em sua plenitude e humanidade, afinal foi isso que Jesus quis ensinar quando veio a terra: ser gente de verdade é ser bom, amigo, ouvinte, e um eterno aprendiz, aprendendo com o autor da vida e criador de todas as coisas.
Fica então o meu desafio para 2010. Que todos nós possamos vir aprender a ser gente, e sendo gente resgataremos a humanidade que ainda resiste em viver dentro de nós.
Feliz 2010 e um bom natal.
Naquele que foi gente e entende a gente,
Ítalo Colares
Soli Deo Gloriae!
[1] De acordo com o novo acordo ortográfico: Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas


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