Complexo, Bem Complexo

Hoje assisti a um vídeo sobre o crescimento do número de pessoas que se afastam da igreja, mas que continuam firme em suas crenças. E achei engraçado. Pois na mesma semana estive conversando com um grande amigo sobre os motivos que ele e sua família não estavam mais indo para a igreja.

E ao assistir este vídeo me veio um pensamento: conseguimos se desvincular da igreja, alegando hipocrisia, falta de aprofundamento teológico-filosófico, que as pessoas são interesseiras, mas continuamos a trabalhar, a frequentar casas de amigos, clubes, associações, alguns participam ativamente de partidos políticos e sindicatos, outros de ong’s etc e tal.

Aí pensei: Não podemos sair do trabalho, pois vamos sempre alegar que precisamos do dinheiro que o ofício nos proporciona, para assim podermos nos sustentarmos. Engraçado que chamamos alguns pastores de interesseiros. Mas como diz o filósofo existencialista: Quem não é interesseiro? Agora penso que o interesse há no que se diz respeito ao sentimento que as pessoas têm de forma saudável pelas outras, e há o negócio, onde sempre vejo os outros como uma possibilidade de ter algum bônus.

Também pensei: Não podemos deixar de visitar os amigos, pois afinal com quem vamos comparar nossas vidas? Estamos sempre desejando saber como os outros estão para assim avaliar se nosso status quo está positivo ou negativo. Há aquela máxima: a grama do vizinho sempre é mais verde... Na verdade é uma forma mesquinha e medíocre de avaliarmos se os nossos potenciais e resultados de nossos projetos vão bem ou mal.


Outro pensamento me veio: Não podemos deixar de frequentar os clubes, as associações etc e tal, afinal temos que nos esforçar para mantermos nossas aparências, e assim os outros não devem perceber o meu esvaziamento seja intelectual, seja espiritual, ou seja, até mesmo de caráter. O que os olhos não vêem o coração não sente, não é mesmo? Então continuemos a dissimular em nossa vida tão mesquinha e vazia de sentido. Afinal, para que me preocupar com o outro. Que ele se dane! (Me segurei para não colocar um palavrão).

E me veio o último pensamento: Para que irmos à igreja? Darmos satisfação das nossas vidas, ouvirmos como se deve agir em determinadas situações, ajudar em movimentos filantrópicos, tendo que ser educado com as pessoas que só vemos uma vez por semana, agindo com um riso abobalhado na cara, não, certamente não precisaremos mais de igreja. Afinal, já aprendemos o suficiente sobre Deus, sobre vida cristã em nossos discipulados super eficientes.

Ao pensar nisso tudo, me lembrei de uma antiga história da Bíblia, que contava sobre um povo que não tinha rei e aí era cada um por si... Não sei se você vai lembrar o final da história, mas que nós, que temos nossas crenças, contudo não andamos junto à igreja, estamos vivendo de forma parecida com este povo, isso eu não tenho dúvida.

E onde isso vai nos levar? Não faço a menor ideia, eu sei para onde vou... Isso tenho certeza. Afinal, como diz Paulo: porque eu sei em quem tenho crido (II Tm 1:12).

P.S: “Naqueles dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos.” (Jz 21:25)

Naquele que é e sempre andou com a Igreja,

Ítalo Colares

Soli Deo Gloriae.