“O medo é uma dor ou uma agitação produzida pela perspectiva de um mal futuro, que seja capaz de produzir morte ou dor” (Aristóteles em Retórica)
Nada causa tanto transtorno a humanidade do que o medo. Medo de altura, medo de ratos, aranhas, lugares fechados, etc. São inúmeras as razões pelas quais nos levariam dizer o quê, nos leva a sentir medo.
Segundo o dicionário Michaelis, a palavra medo traz a seguinte definição: Perturbação resultante da ideia de um perigo real ou aparente. 2. Apreensão. 3. Receio de ofender, de causar algum mal, de ser desagradável.
Eu cresci sem pai (o que não é novidade para alguns dos meus seguidores), logo, tive que aprender a lhe dar com certas decisões muito cedo. As tentações são várias para quem cresce num mundo na qual muitas vezes a violência e as drogas são um escape da realidade que é nua e crua. Então, como costumo as vezes falar em palestras e/ou aulas eu tive que “engrossar o meu pescoço”, ou seja, eu tive que aprender a ser responsável pelas minhas atitudes muito cedo, isso como 9 anos de idade. Enquanto muito dos meus amigos faziam suas inconsequências sem pensar muito, pois havia seus pais para lhe protegerem, eu não poderia desfrutar desta proteção. Assim, sempre pensei duas vezes antes de agir, e ao mesmo tempo sempre tive caráter o suficiente para assumir minhas atitudes.
Onde quero chegar com isso? Bem, recentemente, tomei uma atitude drástica em relação a algumas pessoas, atitude está que não foi nada mais nada menos do que uma reação daquilo que foi feito contra minha esposa e eu. Pra quem me conhece bem, nunca fui de levar desaforo pra casa e muito menos, nunca gostei de sair de um conflito sem antes esse não for resolvido, afinal, esse é o melhor caminho para um bom relacionamento. Mas o que fazer quando você se relaciona com pessoas que não sabem resolver seus conflitos e fogem? Bem, isso certamente renderá outro texto. Mas voltemos.
Como disse antes tomei uma atitude que foi apenas uma reação a uma ação provocada contra minha família. E assim após levantar as consequências do meu ato, o fiz, sabendo o que iria acontecer depois. Ou seja, nada!
Engano meu! Quem dera voltar no tempo para que não tivesse tomado aquela atitude! Quem dera eu ter sido um pouco mais medroso, ou tivesse pai e mãe que me protegessem, mas não tive nada disso, e então tomei a atitude que gerou em mim foi a emoção na qual é o ponto de partida deste texto.
Agora, estou com medo! Não medo de polícia, ou de homens, mas medo de mim! Medo de sentir-se fragilizado como estou agora! Pela primeira vez na vida, não tenho o controle das minhas decisões, pois pessoas me geraram medo. Tenho medo de sair na rua, de estar numa reunião, medo de ir a uma igreja, de entrar em uma sala de aula, medo de viver.
Estou com medo, pois pessoas simplesmente me desnudaram, infligiram-me, levantaram hipóteses, acusações nas quais eu nunca cometi e muito menos fui. Na verdade se tive culpa (nossa, como odeio essa palavra), tive pelo fato de ser eu mesmo. De ser transparente, de ser sincero, de ir ao campo do inimigo com peito aberto e uma bandeira branca na mão representando que estava com uma atitude de recomeçar os laços. Mas aproveitaram este momento de ser eu mesmo, e deturparam minha imagem. Falaram coisas que nem meu pior inimigo ou meu melhor amigo sabe que eu não sou. E tudo isso me fez sentir e me faz sentir medo!
Estou com medo das pessoas. Nunca pensei que iria sentir esse medo, mas é assim que me sinto. Com medo! E aí entra o grande Aristóteles. Estou com medo pois tenho receio de um mal futuro. Mas qual mal? Não sei! E esse desconhecido é o que mais amedronta. Sou ser humano dotado de coragem e medo, qualidades e defeitos, logo o futuro incerto e o mal que poderá vir neste futuro é o que me causa espanto, pois não sei, mas até que ponto a humanidade viverá para fazer mal ao outro.
Mas mesmo diante deste medo, diante destes dias tenebrosos que se passaram e que poderão retornar como um efeito borboleta, tenho esperança que tudo isso vai passar e assim poderei ser eu novamente sem ter medo do que irão falar, pensar ou até mesmo cogitar sobre mim. Dias melhores virão, por que o grande Ser Divino criador de observador de todas as coisas, sabe quem sou e o que serei, afinal Ele faz parte disso!
Naquele que sentiu medo como nós sentimos.
Ítalo Colares.
Soli Deo Gloriae!


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