Eu sou uma metamorfose ambulante...

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Nordestino que ama a terra onde pisa e a cidade onde nasceu. Eclético por formação e escolhas. Sempre buscando uma ideologia para viver, não para se apegar como verdade absoluta, apenas para viver... Um ser que valoriza a vida humana em sua plenitude.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Ausência


“Não sei por que você se foi, tantas saudades eu senti, e aquele adeus não pude dar...”

“Fica Senhor já se faz tarde...” João

Interessante como nós seres humanos nos surpreendemos com a presença do ato de perder. Perder uma partida de futebol, perder o ultimo capitulo da novela predileta, perder a oportunidade única, perder um objeto precioso, seja pelo valor, seja pela importância; perder pessoas que amamos.

Este sentimento de perca já deveria não mais causar surpresa em nós, pois estamos desde o começo da nossa caminhada como humanidade, perdendo as coisas. Perdemos a benção de vivermos no "paraíso", mesmo que este seja apenas uma lenda judaica. Perdemos o aconchego do ventre materno ao nascermos, perdemos nossa infância, nossa adolescência, nossa virgindade, nossa juventude e chegamos até perder a nossa vida, mesmo que ainda continuemos a viver. Há um tempo, eu perdi algo de muito valor, perdi o meu pai (Que foi a minha maior perca, pois provavelmente não voltarei a vê-lo). Desse dia em diante sempre fico triste e chateado quando perco alguma coisa, e já foram muitas... Perdi amores de verão e de inverno; perdi amizades que não voltaram mais; amigos que já não são mais amigos; perdi parentes; lugares que perdi a oportunidade de conhecer; trabalhos perdidos; noites perdidas; tempos que não voltaram mais. Momentos que perdi por causa de uma pequena dor, ou então dores que perdi por momentos de pequena alegria. 

O tempo passa e é incrível como não me acostumo com este sentimento de vazio que a perca traz, de algo que estava e não está mais, sentimento de ausência, e ausência que ocasiona uma saudade que dói. Sei disso porque já perdi muita coisa, mas a maior perca são as pessoas que convivo que um dia possivelmente irei perdê-las, seja por causa de uma mudança, sejam por causa de um atrito, seja por causa de um acidente, seja por causa de vários fatores, que enumerá-los aqui seria no mínimo loucura. É aqueles que estão podem muito bem daqui há algum intervalo de tempo não estarem mais, "por razões que a própria razão desconhece". 

O próprio Cristo, o mestre por excelência, o ser mais humano que existiu, ao chegar à hora de sua saga até o Calvário, fez uma prece a Deus dizendo: “Se possível afastar de mim este cálice.”, não sei ainda se ele não queria sentir dor da ausência dos seus ou se queira que os seus não sentissem a dor da ausência que sua partida iria ocasionar. Este mesmo Cristo, tendo avisado aos seus que em breve ele não estaria mais por perto, eles entraram em desânimo e se surpreenderam com a ausência do “bom mestre”.

Voltando ao meu devaneio, não sei se irei aguentar a possível ausência de alguém do meu convívio; não sei se irei aceitar com facilidade a futura ausência de algum amigo ou uma amiga, a partida de algum familiar, mais de uma coisa estou certo: prefiro viver a expectativa duvidosa da ausência, do que a possível frustração da presença. Pois assim, possivelmente me surpreenderei com a maravilhosa dádiva da presença inesperada do que da ausência repentina.

Naquele que é presente em nós,
Ítalo Colares
Soli Deo Gloriae!

Um comentário:

Kelly Úrsula disse...

Profundamente profundo!
Boa!