Eu sou uma metamorfose ambulante...

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Fortaleza, Ceará, Brazil
Nordestino que ama a terra onde pisa e a cidade onde nasceu. Eclético por formação e escolhas. Sempre buscando uma ideologia para viver, não para se apegar como verdade absoluta, apenas para viver... Um ser que valoriza a vida humana em sua plenitude.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Paradoxo.


Certa vez uma amiga relatou sobre uma reunião de liderança eclesiástica que ela tinha participado. Contou que a liderança estava definindo algumas prioridades de trabalho, se eles estariam se reunindo em uma escola ou se iriam continuar no prédio em que estavam. Caso eles optassem pela primeira alternativa, isso seria melhor para o departamento infantil, já que no prédio em que estavam não tinha como ter a educação com as crianças. Essa amiga tentou defender a segunda hipótese, pois ela tem dois filhos e queria muito que seus filhos tivessem uma orientação na igreja de uma forma que eles entendessem. Após fazer um discurso apologético sobre a questão o pastor da igreja disse de forma seca: “Irmã, na obra de Jesus temos que fazer sacrifício!” Ela replicou: “Mas os meus filhos, eu não sacrifico!”


Tempo depois, fui a uma apresentação de uma cantora cristã em uma igreja de amigos, ela na sua explanação contou que certa vez ao terminar uma turnê em uma cidade, quando chegou ao aeroporto pensou que iria para casa, quando o seu produtor disse que não, pois ela teria que ir para outra cidade fazer outra turnê, ali eles ficaram discutindo: “Eu vou para casa!” Disse ela, “Não você vai fazer mais um show!” Replicou o produtor, e isto perdurou mais um tempo até que ela gritou: “Eu vou para casa, por que eu sou mãeeeeeeeeeee!”.

Ao comparar estas duas distintas e comuns histórias, fico a pensar o quanto a igreja sofre nas mãos destes pastoreios masculinos que não entendem como é cuidar de filhos e filhas. Os líderes espirituais que tanto prezam suas “ovelhas” deveriam aprender mais com as mães sobre o cuidado que se deve ter com os “pequeninos”. Reconhecer o quanto a religiosidade oprime e desvia o povo dos bons costumes cristãos. Muitos se levantam contra a teologia da prosperidade, mais poucos se erguem contra o capitalismo e o neoliberalismo que adentra os templos religiosos. Exigindo que seus fiéis façam sacrifícios em prol do sucesso, da aparência da instituição ou até mesmo do ser. Ressalto que estes sacrifícios que tantos pregam em nome de Jesus, não exigido dele em seus discursos. É neste ponto que acho interessante paramos para pensar um pouco.

Quantas exigências de sacrifícios não já fizeram em nome de Jesus? Já cometeram cruzadas em nome de Jesus. Os anabatistas, que Lutero assistiu serem assassinados. Aqueles que pensaram um pouco mais na Idade Média, a Santa Inquisição também os sacrificaram. Os puritanos que sacrificavam os outros em nome de uma “fé pura”. Os pentecostais que se sacrificam em nome de uma fé insensata e extra-bíblica. As denominações históricas que sacrificam pensamentos e mudanças em nome de uma doutrina, que não pode ser questionada muito menos contrariada.

O meio religioso sempre exige sacrifícios, e que geralmente não é exigido por Deus. Em Mateus 12:7 Jesus diz: “Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia eu quero e não sacrifícios, não teríeis condenado a inocentes.” Logo, como é contraditório o Deus que pede misericórdia do órfão, da viúva, da mãe, da mulher, do negro, do pobre, do deficiente, do pequeno, do nordestino, do homossexual, do soro positivo, do leproso, etc., não é escutado por aqueles que dizem amá-lo e servi-lo.

Insensatos! Penso que o sacrifício maior já foi feito lá na cruz pelo Cordeiro de Deus. Tenhamos atitudes de misericórdia e vamos ouvir o clamor do que está ao nosso lado sofrendo por achar que deve sacrificar algo que não é exigido.

Naquele que já se sacrificou por nós,

Ìtalo Colares
Soli Deo Gloriae!

P.S.: Antes que os religiosos venham a querer se justificar: Abraão foi uma exceção, não é uma regra. E lembre-se estamos na dispensação da Graça!

Um comentário:

George Facundo disse...

Droga, eu ia usar o exemplo de Abraaõ!

kkkkkkkkkkkkkkkkkk

Frescando mah!

Muito massa teu texto!

Engraçado que quando Deus criou tudo, lááá no gênesis, ele criou homem e mulher e instituiu apenas uma obrigação aos dois: Formem uma família!!!

De que adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma, e junto com ela seus filhos, sua esposa etc...?

Sendo que, parafraseando o velho Manning, no final das contas a gente pensa que Deus vai pedir nosso curriculum Vitae de feitos terrenos, vamos estar lá segurando aquele papel com uma lista interminável de serviços prestados, ele vai pegar o papel, amassar, e perguntar: "Você reconheceu o meu amor na sua vida?"

Parabéns pelo texto cara!

Forte abraço!