Eu sou uma metamorfose ambulante...

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Fortaleza, Ceará, Brazil
Nordestino que ama a terra onde pisa e a cidade onde nasceu. Eclético por formação e escolhas. Sempre buscando uma ideologia para viver, não para se apegar como verdade absoluta, apenas para viver... Um ser que valoriza a vida humana em sua plenitude.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Querer...

Hoje, domingo pelo fim da manhã, 11h00minhs para ser mais preciso> Estou aqui com uma das minhas enormes crises existenciais. Fui dormir às 04h00minhs da manhã, fazendo uma arte com minha esposa para um determinado evento. Pela manhã tinha uma reunião com os “embaixadores sociais”, pessoas que estão envolvidas com obras sociais em suas respectivas igrejas. Tenho planos de aulas para elaborar, tenho um artigo e um fichamento para fazer, tenho que terminar de ler “Ética a Nicômaco”, para uma prova na próxima semana. E infelizmente não consigo fazer nada, não fui pra reunião, estou sem inspiração para elaborar meus planos de aula, e muito menos “cabeça” para fazer o tal artigo e o fichamento, imagine ler um livro aristotélico.


É estou em uma fase, digamos, nada produtiva, não que eu queira só que infelizmente meus pensamentos estão cada vez mais rápido do que minhas ações e minhas horas, digamos assim. Quero (penso) em fazer muitas coisas.

Como queria me envolver mais em obras sociais, queria visitar hospitais, fazer um trabalho de contar de histórias em alguma instituição que cuida de crianças portadoras de alguma doença.

Queria ser mais presente na minha igreja, atuar mais no discipulado, visitar mais os irmãos e irmãs da igreja, ter os grupos de estudos que tanto gosto de trabalhar, voltar a participar do teatro, e assim ensaiar horas sem fio, até ficar completamente exausto. Ser mais próximo do meu pastor, para poder ajudar mais em seu ministério e assim acabar aprendendo a ser um bom servo.

Queria está mais próximo de meus familiares, acompanhar o desenvolvimento dos meus sobrinhos; contar piadas para eles; sentar no chão e rir de “pica-pau”, “pernalonga”; “bob esponja” ou algum desenho que eles gostem de assistir. Queria a ter mais contato com meus irmãos e assim aprender mais da vida. Queria ter mais paciência com minha mãe, e não deixá-la tão só. Queria visitar mais parentes e familiares que há tanto tempo não os vejo. Ter mais aproximidade com a família de minha esposa, passar as manhãs de domingos jogando conversa fora, e assim só interromper para um almoço delicioso.

Queria ver e rever meus amigos que só os encontro esporadicamente. Os amigos de escola, que só os vejo em raras ocasiões, saber onde anda. E saber se eles se lembram de mim. Queria conversar com professores que tanto me inspiram em minha vocação, que foram peças chaves para minha formação. Queria reencontrar amigos especiais para conversar e assim saber como estão, saber como estão os filhos, se já se formaram, e comer uma pizza, um pastel, ou simplesmente conversar, sem se preocupar com horas e nem com compromissos.

Queria cumprir com minhas obrigações, meus compromissos, não chegar mais atrasado, não entregar nada depois do prazo estabelecido, queria ler mais, estudar mais, ter mais tempo para a reflexão e deixar o pensamento voar. Queria escrever mais, queria ter mais livros.

Acima de tudo isso que eu queria, queria está mais próximo da minha esposa, ajudá-la em casa, na faculdade, queria levá-la para passear sem se preocupar com nossa segurança. Ir à praia, ir comprar flores, plantas, assistir mais filmes com ela. Queria fazer mais coisas junto a ela: orar, ler, rir, chorar, planejar, pensar, sonhar, cantar (mesmo eu sendo desafinado), essas coisas que causam contentamento na vida das pessoas. Acho que resumindo queria fazê-la bem mais feliz, mas muito mais feliz mais do que ela acha que já é.

Queria sentar com meus amigos mais velhos e assim ouvi-los, saber o que tem para me dizer, como lutaram a vida, sonhar os sonhos que eles não concretizaram e assim dizer: “Deixa comigo que eu faço!” Queria ter a porção dobrada do espírito deles. Queria andar mais próximos, e ler os livros deles, e assim “subir nos ombros dos gigantes” para poder ver o mundo melhor.

Bem queria muito mais coisas, mas infelizmente o tempo é curto. Como queria fazer tudo isso, mas não posso, tenho que trabalhar, tenho que ganhar dinheiro para pagar contas, contas que fiz por causa do meu próprio trabalho, tenho que pegar ônibus lotado, tenho fazer um relatório de aula, tenho que elaborar um fichamento, tenho que fazer um artigo, enfim, tenho, tenho, tenho, tenho... sempre que fazer algo que não quero e não gosto de fazer, mas que na vida tem que ser feito. E aí eu me pergunto, será que a vida de um ser humano tem que ser assim, fazer aquilo que ele não quer fazer? E sua vontade? Sua liberdade? Seus desejos? Seus sonhos? Não! Não, na sociedade capitalista, progressista e desenvolvida não há espaço para isso. Isso não é importante, afinal todos fazemos parte da “ciranda da vida” e cada um tem que fazer o que é pra fazer. Mas eu não sou ser humano? Será que nós seres humanos não temos desejos e vontades? Será que nós seres humanos não podemos errar, esquecer um pouco dos nossos compromissos e assim ficar acordado até tarde falando disparates e tomando um bom vinho? Será que eu não posso me relacionar com o outro sem ter aquela ideia de “ganho” ou “perca” de tempo? É não sei, só penso que vivemos em um avançado processo de desumanização que nos escraviza em nossos próprios ideais de uma sociedade. Os passos para uma robotização do ser humano estão cada vez mais acelerados. Mas...

Há uma única coisa que eu queria. Queria viver a vida curtindo cada momento dela, e assim degustá-la como um prato de um Grande Chefe de cozinha que preparou o maior banquete para mim e para todos que fazem parte desta roda viva chamada Terra.


Naquele que soube viver,

Ítalo Colares.

Soli Deo Gloriae.

2 comentários:

Mnê Lopes disse...

"Tempo, onde está você... porque tanta pressa em passar... sente-se, tome um café comigo..."
É amigo, você não está só...

George Facundo disse...

Ética a Nicôcamo... Também pendei na UECE com esse livro! hehehehehe

Cara, lembrei da música Epitáfio, dos Titãs... É realmente uma angustia ter todo um universo de possibilidades de coisas legais pra fazer, e de repente estar preso dentro de uma teia, engodado na rotina. É horrível, e até cruel...

E isso é a "vida" que todo mundo acha que tem que correr atrás...

Jesus sabia das coisas quando dizia que, quem quiser encontrar a Vida, tinha que deixar a "vida" morrer...

Grande abraço cara!!! Semestre que vem a gente volta a se ver no CH