No início duas sensações nos são apresentadas. Sensações essas que são ambíguas e ao mesmo tempo necessárias para o nosso desenvolvimento como ser humano.
A DOR e O PRAZER.
Qual a primeira sensação que sentimos ao nascer?
Isso mesmo, a DOR. Afinal, tudo estava tão bom. Quentinho, alimento e cuidado o dia todo dentro do útero materno. Até que de repente como se algo não nos quiséssemos mais naquele lugar. Uma sensação de repulsa. De invasão. Nos é apresentado a vida com cores, sons, sensações térmicas, etc. A vida nos é chegada pela dor do nascimento, da mudança do mundo uterino para o mundo terreno. Esta dor que nos faz usarmos pela primeira vez nossas cordas vocais. Dor que só é acalmada pela sensação de voltar a pertencer ao ser materno, quando este nos amamenta, nos afaga, nos dá carinho. Aí a dor passa para uma estranha sensação de prazer. O prazer do aconchego, do amor, daquele abraço e beijo gostoso, da voz mudada ao falar conosco bebê, da sensação de proteção.
O tempo passa.
A ambiguidade continua.
O prazer de dar os primeiros passos, rompe a barreira da sensação que dor pode provocar ao ciar quando estes passos ainda não são firmes. O prazer de levar algo a boca, é receoso, pois a dor de ser algo amargo, azedo, pode vir acontecer. O prazer de correr, anda lado a lado com a sensação de dor que pode aparecer quando as perninhas ainda desconexas com o resto do corpo não entender a hora de parar.
A ambiguidade continua.
O prazer de inventar as primeiras mentirinhas, segue com a sensação de dor quando estas são descobertas pelos pais ou irmãos mais velhos. O prazer aparece nas primeiras sensações vindas de uma parte do corpo esquecida até o momento que sentimos prazer ao manipula-las, mas logo vem a dor da vergonha de alguém ver, e assim não entender que o que estamos fazendo e tendo prazer de descobrir o nosso próprio corpo.
O prazer de dar o primeiro beijo, pode vir seguido da dor de um tapa, pela audácia...
O tempo passa.
A ambiguidade continua.
A ambiguidade continua.
Prazer de um amor. Dor de uma despedida. Prazer de fazer uma nova amizade. Dor de ser traído por um amigo. Prazer de uma etapa vencida na escola. Dor de ser reprovado. Prazer de ser aceito em um grupo. Dor desse mesmo grupo ao esquecer seu aniversário. Prazer de chegar na fase adulta. Dor de lembrar de um tempo que não volta mais. Prazer de ser amado. Dor por que esse amor incestuoso. Prazer por ser o máximo. Dor por ser rejeitado, humilhado.
Dor de perder alguém querido, prazer de encontrar alguém e este alguém apostar de viver com a gente o eterno enquanto dure.
Dor/Prazer. Prazer/Dor.
Prazer e dor... Nos constituem como seres humanos, corremos para o prazer e fugimos da dor. Enquanto o correto seria aprendermos a viver com a nossa vida... Que é prazer e dor. Quem sabe isso não vale a pena?
Ítalo Colares
Soli Deo Gloriae.


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