Estou escrevendo esta carta apenas para lhe dizer quantas vezes em nosso relacionamento senti esse seu amor e bondade, e por tê-los sentido, eu mesmo me tornei melhor. Também quero dizer-lhe que você está enganada ao pensar, se é o que pensa, que nós dois estamos separados por nossa fé. Minha fé, sua fé e a fé de todas as pessoas boas (perdoe-me a falta de modéstia de incluir-me entre elas) é uma única coisa: fé em Deus Pai, que nos enviou a este mundo para fazer a sua vontade: que nos amemos uns aos outros e façamos pelos outros o que gostaríamos que eles fizessem por nós. O fato de eu raramente ter cumprido a sua vontade e continuar agindo dessa maneira agora não me assusta, visto saber que Deus é amor e que Ele sabe que tentei, em especial mais recentemente, cumprir a sua vontade, não por medo de castigo, mas porque, quanto mais tenho cumprido a sua vontade, melhor tem sido a minha vida. Estou certo de que você crê exatamente na mesma coisa. Mas ainda que eu não creia em alguns detalhes nos quais você crê, não considero isso algo importante que possa separar-nos tendo em vista a coisa muito importante que nos une.
Quando eu estava muito próximo da morte, e meus pensamentos se recusavam a funcionar, e eu tentava expressar minha atitude para com a passagem iminente desta vida para a outra, lembro-me de encontrar apenas um pensamento, um sentimento, um apelo a Deus; eu disse a mim mesmo: De ti vim, a ti retorno. Isso expressava tudo o que eu sentia; consolou-me e animou-me. Estou certo de que você sente o mesmo, e este sentimento mais uma vez nos une.
Se lerem para você esta minha carta, diga-lhes que me escrevam algumas linhas a respeito de como você se sente e se as coisas estão correndo bem para você."
Leon Nokolaevich Tolstoi
Texto extraído da obra: Cartas Inspirativas, Um tesouro das grandes cartas espirituais de todos os tempos. Compiladas e editadas por Ben Alex e traduzidas por Wanda de Assumpção. Ed.: Mundo Cristão. pp. 40 e 41.

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